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NOTCHBACK TUPINIQUIM, havia prometido publicar uma matéria sobre um Fusca 4 portas bem inusitado. e abaixo cumpro com a palavra, revelando a tal história.
Tudo inicia-se em meados de 2006, quando um médico carioca comprou um besouro 66 e o enviou para Milton Ciola restaurá-lo. Ao recebê-lo em sua oficina, o restaurador lançou a idéia de criar um modelo quatro portas. Sua intenção, como muitos, era a de fazer algo diferente com um carro tão versátil, explica o restaurador.

Ciola já sabia da existência de outras adaptações para o besouro ter quatro portas, porém, todas elas exigiram que a forma original do carro fosse modificada. O profissional passou então a estudar como seria feito o “enxerto” das portas traseiras, sem alterar o desenho da lateral.
A princípio o restaurador imaginou como criar as portas traseiras, sempre seguindo o desenho básico da carroceria e teve como o primeiro obstáculos a colocação das dobradiças das portas traseiras, devido ao restrito espaço disponível na coluna central (B). Outro ponto importante era não perder a altura do vinco presente na lateral, que seria uma espécie de guia para o alinhamento das novas portas traseiras.

Depois de muito estudo o impasse chegou ao fim quando se resolveu modificar a coluna central. Com isso as portas dianteiras tiveram seu tamanho reduzido. Elas foram cortadas e diminuídas, indo de 94 cm para 79 cm. O ganho de espaço ajudou na colocação das dobradiças nas laterais. “Muitas pessoas disseram para eu usar dobradiças na parte interna das portas traseiras. Porém, isso não deixaria a lateral igual, já que as portas dianteiras têm dobradiças aparentes”, explicou Ciola.

O próximo passo foi a concepção das portas traseiras. Mas como elas foram criadas? É aí que está o segredo. Milton Ciola procurou usar o maior número possível de peças originais para a concepção dos novos itens. Assim, as portas traseiras foram moldadas em cima das folhas originais dianteiras. Foi necessário comprar duas portas dianteiras novas para criar as traseiras. “Ao invés de quebrar a cabeça e criar uma nova porta, preferi trabalhar com a original. Mantive o vinco, bem como o alojamento da maçaneta. Desse modo todo o conjunto ficou igual e harmonioso”, detalha.

O antigo batente da porta dianteira foi aproveitado para criar a nova lateral da porta traseira e, com isso, a trava original foi mantida, impedindo o surgimento de problemas no abrir e fechar das novas portas. Outro fator interessante é o ângulo de abertura. Como as portas não têm limitador, as quatro praticamente abrem em um ângulo de 90° graus. Além de facilitar o acesso ao interior do Fusca elas não tem folgas e fecham com precisão, sem a necessidade de batidas.
Os vidros das portas foram feitos especialmente para o modelo. Como as portas tiveram seu desenho reduzido, foi preciso tirar a medida, fazer uma espécie de matriz em duratex e levar até um vidraceiro. As máquinas de subir e descer os vidros são originais da VW. Porém, foi preciso fazer um novo suporte em L, para que o vidro pudesse ficar centralizado na base da máquina.

Nota-se que o conjunto lateral conseguiu ter harmonia, mesmo com o deslocamento da coluna, mantendo as novas portas uma proporção no tocante ao equilíbrio das linhas originais. Todo o processo de transformação levou quatro meses e o resultado final ficou digno de ter saído da linha de montagem da Volks!

Tal trabalho provou que, de certa forma, estava errada a famosa propaganda lançada pela VW noas anos 60, a qual fazia alusão aos rivais e argumentava que “era preferível ter duas portas do que quatro portinholas”!
Abraços a todos.